Wednesday 23 April 2014

do civismo

civismo
nome masculino
1.dedicação pelo interesse público
2.comportamento demonstrativo de respeito pelos valores da sociedade e pelas suas instituições

civismo In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-04-15].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/pesquisa-global/civismo>.

In Infopedia.

Realço "comportamento demonstrativo de respeito pelos valores da sociedade". Algo aparentemente há muito esquecido.

Não considero o povo Português como cívico. Pelo contrário. Nos mais variados comportamentos sociais testemunhamos uma gritante ausência de civismo e respeito pelo próximo. Falo de uma forma geral com o óbvio lugar à excepção. Um "obrigado", um "desculpe", um "por favor" são raramente utilizados no meio público.

No trânsito então a falta de consideração pelo próximo é gritante. É não dar prioridade, não saber esperar, não ser-se paciente, não parar-se em passadeiras e por aí adiante. É muitas vezes a inveja patente até pela classe social que os próprios carros exibem. É um sem número de situações que ocorrem todos os dias nas nossas estradas.

É apanhar com uma mala em cima da cabeça quando uma "senhora" - para não lhe chamar o que ela merecia efectivamente - a deixa cair ao tentar retirá-la do compartimento superior e ao invés de pedir desculpa, vira-se para o seu companheiro de viagem e exclama: "Oh João, então colocou as malas assim soltas aqui em cima?" Era uma mala Louis Vuitton, mas a avaliar pelo aspecto da dita senhora o mais provável era ser da feira. Ou se fosse verdadeira deve ter ficado a pensar que antes na minha cabeça que no chão - até porque eu apanhei com a mala e dei-lhe. Agora "desculpe" ou semelhante não deviam fazer parte do seu dicionário.

É estar a chegar a uma fila e correr para passar à frente das pessoas que estão a chegar mas que ainda não estão exactamente em fila.

É um sem número de situações todos os dias que de facto se torna óbvio que o problema não é só educacional. É cívico. É social. E está cada vez pior.

Monday 21 April 2014

clubismo vs fanatismo vs facebook vs prioridades

Sou adepto incondicional do Porto. Cheguei a ter um blog dedicado sobretudo ao futebol e ao Porto. Cheguei a fazer várias publicações nas anteriores edições do L8Motive onde fazia menção ao Porto e ao meu Portismo. E gosto de ver todos os jogos - em casa, no sofá que é bem mais confortável - mas também não morro se não os vir. Gosto de considerar-me isento na minha análise apesar de ter noção que será uma isenção relativa.

Gosto de fazer as minhas críticas ao Benfica - meu ódio de estimação - mas tenho o cuidado de não enxovalhar os meus amigos Benfiquistas ou tão pouco torcer publicamente por derrotas do Benfica ou torcer pelos seus adversários, sobretudo na Europa. Faço-o cá dentro e desejo que o Benfica perca todos os jogos, mas entre desejá-lo na minha privacidade e dizê-lo publicamente no Facebook vai uma grande diferença. Digo-o aqui neste momento de uma forma generalizada, vá.

Comento resultados do Benfica. Comento situações que envolvem o Benfica. Exponho uma ou outra notícia pouco divulgada. E critico. Com um objectivo primário: fazer ver que todos os clubes têm os seus podres. Que todos são beneficiados e prejudicados e que no final continua a ganhar aquele que jogar melhor. Não procuro subterfúgios nas derrotas do Porto. Aponto o dedo aos jogadores, ao treinador, à SAD. Mas volto a sublinhar: procuro ainda assim ter um certo tacto para não enxovalhar ninguém. Porque também não gosto que o façam comigo.

Nunca tive uma foto de perfil ou de capa com qualquer alusão ao Porto, aos seus jogadores ou com mensagens de soberba, presunção ou falta de respeito pelos adversários - nunca. E nunca terei. Porque acima de tudo, eu sou eu e não é o futebol ou um clube que comanda a minha vida. No entanto, e neste preciso momento, vejo vários amigos com fotografias de perfil alusivas ao Benfica. Com fotos de capa alusivas ao Benfica. Com mensagens de total desrespeito pelos adversários e pelos seus amigos adeptos dos clubes adversários. O que lamento muito. Da mesma forma que lamento quando o mesmo se passa com adeptos do Porto que têm semelhantes comportamentos.

A meu ver, isto já não é clubismo nem paixão pelo futebol. É fanatismo. É doença. Não é o futebol que comanda a vida minha gente. Mas este tipo de comportamento generalizado mostra bem o que move e motiva o povinho Português. E depois queixam-se do país e das condições que temos. É tudo uma questão de prioridades. E enquanto a prioridade desta gente for única e exclusivamente o Benfica, o Porto ou o Sporting, nunca compreenderão o que é um défice. O que é uma dívida pública e a sua relação face ao PIB. O que é um swap. Ou superavit. Porque importante mesmo é saber o que é um fora-de-jogo. E depois irem para a rua manifestar-se sem perceber muito bem contra quê.

Tuesday 8 April 2014

vá, já chega

Estou um bocado cansado desta história do Manuel Forjaz e de toda a gente o mencionar como se fosse um herói nacional, altruísta, blah blah blah.

Factos: era um homem de negócios e morreu como um homem de negócios. Tirou o máximo partido da sua doença e muito capitalizou a partir daí. Com eventos motivacionais, com programas de televisão, com livros, com outras aparições públicas. Basicamente, levou o marketing ao extremo e conseguiu rentabilizar a sua doença e a sua morte para que aqueles que deixou para trás - sua família - tenham uma vida melhor. Foi inteligente, frio e extremamente pragmático. Fez sobretudo por si e pelos seus. Tudo o resto - ou quase tudo - foi o meio para chegar a um fim.

Lamento, mas morrem todos os dias pessoas vítimas de cancro e ninguém se lembra delas.

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É isso.